sexta-feira, 22 de abril de 2011

O abrigo em cada um.

Diante da porta. Bato. Uma, duas, três vezes. Mas ninguém responde. Toco a maçaneta com a palma da mão. Noto que não está trancada. Imponho mais força e deslizo os dedos sobre a fechadura. Uma parte pequena da porta se movimenta. Ainda não consigo enxergar o que ocupa todo aquele espaço. Um receio de adentrar o local sem ao menos ter sido convidado toma conta de mim. Paro. Fecho os olhos. Respiro. Meus olhos voltam a abrir lentamente. Antes que mais um pensamento indevidamente invada o meu consciente, arrisco. Entro. A porta se fecha. Um calafrio toma conta de todo o meu corpo. O impulso me faz colocar a mão no bolso para verificar se tenho a chave. Vazios. Não olho para trás. Fixo no cenário à frente. Sigo. O medo insiste em me acompanhar em cada passo dado. Procuro a minha respiração. Reflito: Posso desistir e voltar ao principio. Arrepender-me e não poder retomar. Tenho mais vontade de prosseguir. Talvez, possa até cair no buraco negro do destino. Por arriscar demais ou por não ter tido coragem. Como saberei dizer se não me der o luxo de jogar nesta rodada? Sei que tenho uma capacidade verossímil de surpreender a outrem como a ti mesma, ó perplexa alma insaciável. De inebriantes conjecturas do corpo á atitudes indescritíveis. Ora é razão. Em outra se faz de emoção. Me permito conhecer cada canto disposto no coração do lugar em que me encontro. A pressão aumenta. Sinto. Já não tenho mais que fugir. Não evito o perigo. Ele esteve comigo durante todo esse tempo e eu, na tentativa, de fugir dele. A fuga e a procura indiscutivelmente nunca foram bons amigos. Hoje sei que não fiz certo em agir assim. Mas cheguei ao melhor caminho. Caminho este, descoberto unicamente por mim. Não tão só. Ninguém é nada sozinho. Não se sabe ao certo o que se pode encontrar no próximo corredor. Porém, nada é por acaso. A minha caminhada nesse espaço não vai ser explicada por mim. Mas por muitos que assim como eu optarem por viver.

2 comentários:

  1. O que falar desse texto véi... Puts... O melhor que eu faço é esperar o livro sair né... Hehehehehhehe... Bjs...

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  2. Belo texto!
    "Ninguém é nada sozinho."

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